terça-feira, 15 de novembro de 2016

Motivação - o cerne da aprendizagem

“Todos temos as sementes da motivação em nós.” (McKenna, 2009, p. 76). A motivação é a total predisposição para começar algo em direção ao sucesso, o qual é o somatório do empenho repetido diariamente, devendo ser apresentado como uma experiência possível, gratificante e valorativa (Weissbourd, 2010). É de referir a força de vontade e o esforço persistente, mesmo que não sejam acompanhados de sucesso imediato (Estanqueiro, 2013). O ajustamento dos métodos de ensino à diversidade dos alunos e ao conhecimento que detêm é coadjuvante da motivação (Ramos, 2009). A obtenção de resultados positivos amplia a motivação (Gomes, 2010). Sendo o ato de estudar e o espaço escolar gratificantes, a criança tende a motivar-se e a empenhar-se em similar proporção (Astrei e Antonella, 2010). Se se traduzem em momentos de frustração, tenderá a recusá-los. Haigh (2010, p. 173) corrobora afirmando que “Os alunos vão trabalhar mais e estar muito motivados quando se sentirem felizes e confiantes na sala de aula. Pode-se sentir este ethos ao entrar na sala de aula de alguém, mas é difícil de medir, porque é baseado numa sensação.”.

Alunos motivados para o alcance do sucesso acreditam que podem vencer. Rosa e Mata (2012) afirmam que o perfil motivacional dos alunos atribui-se ao prazer da tarefa, ao valor que é atribuído à aprendizagem e ao reconhecimento do adulto. O crescimento da autoconfiança dos alunos encoraja-os a desempenhar tarefas e a assumir responsabilidades (Maxwell, 2010). Professores competentes e empenhados não se desculpabilizam com os alunos, nem com as suas famílias, mas despertam em cada aluno a motivação para a aprendizagem e para o estudo, equilibrando e ajustando as tarefas propostas à sua capacidade, com vista a realizá-las com sucesso e vontade de desafiar os graus de dificuldade, visto que, de acordo com Estanqueiro (2010, p. 15) “Tarefas demasiado exigentes, dificilmente realizáveis com sucesso, ameaçam a autoestima, provocam ansiedade e bloqueiam a inteligência. Abrem a porta à indisciplina, ao insucesso e ao abandono escolares.”.

Contudo, tarefas demasiado fáceis de concretizar conduzem à desmotivação, ao aborrecimento e ao desinteresse do aluno, pois não mobilizam à aprendizagem, minimizando e subestimando as suas capacidades não estimuladas. A fasquia da tarefa, em forma de desafio, deverá equilibrar o ritmo de trabalho, com objetivos personalizados, concretos e realistas, despertando vontade no aluno em se colocar à prova e superar-se a si mesmo, experimentando a validação da sua competência. Facilitismo e benevolência do professor têm o efeito contrário ao fortalecimento da autoestima e da motivação, mas o respeito pelo perfil/diferença do aluno automotiva-o à aprendizagem (Norville, 2010). A espontaneidade da aprendizagem automotivada (motivação intrínseca) surge com o aguçar da curiosidade do aluno, culminando num estado de satisfação intelectual. Quando o esforço é superior a este estado prazeroso, recorre-se aos estímulos extrínsecos que reforçam a motivação. Gomes (2010) refere que o professor tem que ser valorizado e motivar-se primeiro, para motivar quem ensina, mediante uma apresentação apelativa das matérias e do estabelecimento de um relacionamento empático com os alunos. O comportamento/atitude dos professores é fulcral para uma efetiva aprendizagem dos alunos (Sammons & Bakkum, 2011, cit. in Sousa, 2013).

A motivação mútua (professores e alunos) contribui para as boas estatísticas dos resultados escolares, partindo do pressuposto de que a motivação dos alunos é, significativamente, espelhada pela motivação dos professores. Ao multiplicar-se a motivação, recebe-se mais do que aquilo que se deu e é uma alavanca no sistema (Maxwell, 2010) – é o combustível de ambas as motivações. O/A entusiasmo/motivação, desde que autêntico/a de uma das partes, contagia a outra. Ao acreditar no outro está a encorajá-lo e a motivá-lo a alcançar o seu potencial (Maxwell, 2010), já que motivando-se com emoção, motiva-se para a ação (Weissbourd, 2010).

                                                                                       Olga Narciso Vasconcelos